Perceber o Bullying: o que é e como se pode combater
O que é o Bullying?
A palavra bullying começou a ser usada na década de 80 para definir e caracterizar comportamentos agressivos específicos que ocorriam no meio escolar. Contudo, convém salientar que o bullying não é só um problema das escolas ou do meio académico. O bullying é um problema da sociedade.
Entende-se por bullying um conjunto de maus-tratos, ameaças, coações ou outros atos de intimidação física ou psicológica exercida de forma continuada sobre uma pessoa considerada fraca ou vulnerável (Priberam, 2021).
É frequente reduzir este conceito a um conjunto de agressões físicas, verbais e/ou sexuais. Contudo, é importante referir que o bullying pode envolver a prática de diferentes comportamentos agressivos, com ou sem contato ou confrontação direta entre vítima e agressor.
Em 2014, uma das fontes de investigação da Unicef demonstrou que, em Portugal, quase metade (46%) dos adolescentes dos 13 aos 15 anos indicaram ter sofrido de bullying pelo menos uma vez nos dois últimos meses e/ou terem estado envolvidos em confrontos físicos pelo menos uma vez no último ano (Health Behaviour in School-aged Children Study – HBSC, 2014). Em 2019, a mesma fonte indicou que 81% das crianças e jovens inquiridas em Portugal referiram nunca ter sido vítima de bullying e, numa proporção ligeiramente superior, 92% afirmou nunca ter sido alvo de cyberbullying. De forma genérica em 2019, a maior parte dos alunos não experienciaram situações de bullying. Contudo, deve-se ter algum cuidado com a leitura destes dados, podendo estes serem enviesados devido à falta de conhecimento e/ou definição clara do conceito por parte dos alunos.
Tipos de Bullying.
Bullying físico – qualquer prática repetitiva de agressões que envolve imposição de uma força física: pontapés; arranhões; empurrões; amarrar ou prender a vítima; cuspir…
Bullying sexual – consiste em agressões de teor sexual ou que envolvem a sexualidade: exposição à nudez; toques; insinuações; obrigar a vítima à prática de atos sexuais…
Bullying verbal – agressões através de palavras escritas ou orais: injurias; humilhações; críticas…
Bullying social – pode ser muitas vezes considerado como bullying de tipo verbal com a diferença desta agressão potenciar o isolamento parcial ou total do convívio social; exclusão ou impedimento social; boatos; comentários negativos; acusações difamatórias…
Bullying psicológico – qualquer tipo de agressão repetitiva que visa controlar ou manipular a forma de ser e de estar da vítima: manipulações; chantagens; ameaças…
Bullying material – ocorre quando existem danos materiais ou furtos resultantes das agressões. O bullying material é muitas vezes acompanhado de outro tipo.
Ciberbullying – destaca-se dos restantes tipos de bullying pelo seu contexto de atuação. O espaço é totalmente virtual. Trata-se assim de qualquer tipo de agressões que ocorram na internet, seja por e-mails, sites, redes sociais, ou aplicações.
Impacto do bullying ao nível psicológico.
Na realidade, não é possível definir o quão impactante o bullying pode ser na vida da vítima. Psicologicamente, o seu agravamento ou atenuação pode variar de acordo com a capacidade de resiliência da vítima e da sua rede de suporte. Contudo, sabe-se que a repetição destas agressões provoca um sofrimento psicológico de relevo, devastando a estrutura psicológica da vítima. É frequente, como consequência destas agressões, a vítima acreditar que não é suficientemente forte ou suficientemente boa entrando num círculo vicioso de culpa e de vergonha por não conseguir lidar ou enfrentar o agressor. A pressão emocional exercida fá-la acreditar nas mentiras e nas manipulações do agressor. Esta mistura de ansiedade, angustia e insegurança pode evoluir e intensificar a longo prazo. Apesar de não ser algo linear, é frequente existirem adultos que continuam quebrados com estas agressões. Perturbações psicológicas tais como, baixa autoestima e autoconfiança, depressão, ansiedade, fobia social ou até ataques de pânico podem ser consequentes destas experiências que não foram processadas emocionalmente.
O que fazer quando alguém está a ser vítima de bullying.
Os estudos mostram que, pelo menos, 80% dos episódios de bullying não são reportados. Uma investigação realizada na Universidade de York, indica que 85% dos eventos de bullying foram testemunhados por outros estudantes. O medo da retaliação ou da exclusão social podem ser fatores de peso no momento de denunciar estas situações.
Como referido anteriormente, os contextos em que o bullying ocorre é mais frequente nas escolas. No entanto, também pode acontecer no trabalho, na interação social ou até em contextos militares ou até mesmo políticos, entre outros.
Existem sinais indicadores de que uma pessoa está a ser alvo de bullying. É importante estar atento às mudanças comportamentais, ao isolamento social, às alterações de humor, a picos de ansiedade, entre outras. Encorajar a vítima a falar e partilhar as suas dores é o primeiro passo. Para isso é necessário criar um ambiente.
de confiança e de partilha segura em que a vítima possa contar o que quiser sem ser julgada ou criticada. Depois de reunir os factos deve-se falar com a pessoa responsável, no caso das escolas, com o diretor de turma ou com os membros da direção que devem tomar as medidas necessárias para que esta situação seja resolvida. No caso dos adultos a denúncia deve ser feita às autoridades competentes.
De acordo com a APAV o bullying não se encontra tipificado enquanto crime no Código Penal Português. No entanto, alguns dos seus comportamentos podem ser punidos pela Lei em vigor.
O que se pode fazer contra o bullying.
A palavra-chave é prevenção. É fundamental informar desde cedo as crianças e jovens acerca destas agressões. Os adultos e / ou pais devem explicar às crianças e jovens o que é o bullying, as suas tipologias e fazer entender que são atitudes inaceitáveis e que devem ser denunciadas. Enquanto adulto e membro da sociedade o nosso papel é o de ensinar a respeitar e de ser respeitado.
6. É difícil decifrar as pessoas agora que andam sem máscara.
É na escola e nas suas interações que a criança se liberta da família, aprende mais sobre si e sobre o mundo, reconhece novas reações e novas formas de se comportar. A forma como as crianças lidam com a utilização de máscaras é diversa e depende das suas características pessoais, do contexto social e de relações de proximidade nos quais estiverem inseridas, bem como da sua compreensão e capacidade para cumprir as regras de utilização. É possível que algumas crianças aceitem tranquilamente a utilização da máscara e que esta lhes transmita sentimentos positivos de segurança, proteção e conforto. Contudo, é também possível que outras reajam com intolerância, sensação de isolamento, medo e ansiedade. Esclarecer as dúvidas da criança é fundamental para um não comprometimento psicológico.