O que é o Modelo Psicoterapêutico HBM? Porque é inovador?

Resolvemos compilar algumas das questões mais frequentes e colocá-las ao próprio Dr. Pedro Brás. O resultado foi a conversa interessante que publicamos nesta rubrica.

Concretamente, o que torna as técnicas utilizadas pelo Modelo Psicoterapêutico HBM inovadoras? De que forma se distinguem das técnicas em que se baseiam?

O Modelo Psicoterapêutico HBM é, de facto, inovador. É importante reforçar que não se resume à aplicação das duas técnicas. Apesar das técnicas de intervenção psicoterapêuticas utilizadas serem baseadas em processos de hipnose e de PNL, não seguem os protocolos normais e tradicionais. Por isso não dizemos que fazemos Hipnose e PNL, porque não o fazemos de facto. O HBM diferencia-se, em grande parte, pelo entendimento que faz do problema de cada pessoa. Ajuda-nos a entender os processos mentais que originam os comportamentos e estados de que os nossos pacientes se queixam, o que se verifica logo na Consulta de Avaliação e Diagnóstico.

Em comunicação empática com cada paciente, compreendemos as causas das suas depressões ou ansiedades, e, aqui, somos de facto diferentes das outras abordagens: há sempre uma causa para os nossos estados emocionais e essas causas estão nas experiências do passado que até agora nos condicionam de uma forma negativa. Não acreditamos em causas biológicas para a depressão ou para a ansiedade, e isso temos consistentemente verificado nos milhares de pacientes que já tivemos e que nos disseram as suas “causas”. A questão é saber procurar, investigar a história, a biografia da pessoa. Depois disto, é só ajudar as pessoas a libertarem-se das pressões emocionais que sentem e identificaram, utilizando técnicas de psicoterapia mais eficazes e eficientes, para fazer a ressignificação de crenças limitadoras e alterar a forma de análise das suas estratégias comportamentais.

E a medicação, onde fica nisto tudo? Porque defende que a medicação não é a solução para as doenças mentais quando é, talvez, a abordagem mais utilizada?

Os psicofármacos nunca poderão ser a solução para perturbações que, na realidade, não têm uma origem física, mas sim emocional. A curto prazo é muito natural que ajude a amenizar os sintomas. Mas aquilo em que tem sido possível verificar é que, de facto, a origem de perturbações como a Depressão e a Ansiedade não está em órgãos afetados ou desequilíbrios químicos, está sim numa experiência, ou conjunto de experiências negativas que a pessoa ainda não conseguiu desbloquear. E, contra isto, a medicação nada pode fazer. De todo o modo, pode ser necessária. Por vezes, há picos sintomatológicos de tal forma agudos que se torna necessário utilizar a medicação para os controlar. Contudo, trata-se de uma solução a curto prazo, é caso para dizer: trata-se de um penso rápido para tratar uma ferida bem mais profunda. O problema dos psicofármacos não está na sua utilização controlada, pontual e prescrita ponderadamente por um médico responsável. O problema dos psicofármacos está na prescrição excessiva que cada vez mais se verifica sem um trabalho psicoterapêutico de fundo.

Em Portugal, a prescrição de psicofármacos continua a ser a primeira linha no combate às perturbações emocionais e o seu número está a aumentar. Um relatório do INFARMED sobre a evolução do consumo de psicofármacos em Portugal concluiu que, a prescrição excessiva destes medicamentos é de tal modo abusiva, que se transformou num enorme risco para a saúde pública. Portugal apresenta, em particular, um dos consumos mais elevados de benzodiazepinas da Europa, rondando 285 milhões de doses diárias. O alprazolam e o lorazepam são as benzodiazepinas mais prescritas e constituem um grande perigo de dependência. O INFARMED reforça que cada vez há mais estudos científicos que relacionam a toma regular destes fármacos com défices cognitivos e síndromes demenciais.

Mas a verdade é que, em muitos casos, é eficaz...

A eficácia da medicação é uma questão extremamente controversa. Embora por vezes possa ajudar com sintomas, de forma geral não provocam melhorias a longo prazo. Não está provado que seja um desequilíbrio químico no cérebro que causa a perturbação, e o HBM acredita no inverso: que é o estado emocional que provoca algum desequilíbrio químico. Tal como também quando estamos felizes ocorre uma alteração bioquímica cerebral, um estado de tristeza e introspeção influencia a nossa componente física.

A teoria de que experiências vividas e o stress associado a elas seja um dos fatores que provoca a depressão ou a ansiedade é aceite e defendida pela comunidade científica. Contudo, essencialmente pela pressão da indústria farmacêutica, o tratamento mais comum é ainda o da medicação, mesmo não havendo provas da sua eficácia a longo prazo para além de algum controlo de sintomas, e até esse sendo difícil de conseguir pela variabilidade dos efeitos que provocam em cada pessoa, já para não falar em efeitos adversos e de dependência.

Assim, o Modelo HBM propõe uma abordagem exclusivamente direcionada à mente e aos processos mentais, efetuada através de psicoterapia. A intervenção é feita então ao nível emocional, mas provoca um impacto generalizado nos sintomas físicos.

O que diferencia o que faz de um simples efeito placebo?

Compreendo que os defensores da ciência e do ceticismo tenham, na saúde mental, um terreno fértil para investigar. Eu também defendo a ciência. Porque os nossos estados variam consoante as nossas crenças e análises que fazemos das circunstâncias que nos rodeiam, o efeito placebo tem aqui uma importância vital, pelo que todos acham que qualquer feito tem efeito…. Começando pelas religiões, acabando nos bruxos e mezinhas… não se pode esquecer que, neste saco, temos que meter também a medicação e a pseudociência. Claro que também a Clínica da Mente e os seus processos beneficiam do efeito placebo como todos os processos psicoterapêuticos, mas os nossos resultados consistentes fazem crer que temos um sistema que ultrapassa esse efeito.

Posso afirmar isto porque, já há bastante tempo, temos vindo a documentar os nossos resultados de forma sistemática e a analisá-los cientificamente, e os resultados, disponíveis nos nossos estudos científicos, não deixam margem para dúvidas: o efeito da psicoterapia HBM ultrapassa o de outras abordagens terapêuticas, como a farmacológica ou a terapia cognitivo-comportamental.

Quer ver a sua pergunta também respondida? Envie-nos as suas questões para pergunta@clinicadamente.com.