Crianças nascidas durante a pandemia são menos sociáveis?
COVID, máscaras, isolamento... Como é que as crianças socializam?
Todos nós somos, hoje, fruto das experiências que fomos vivendo ao longo da nossa vida. As crianças que nasceram durante a pandemia, foram privadas de muitas situações, até então “normais”, entre elas: a avalanche de visitas, os tantos colos, os diferentes cheiros/perfumes, as variadas vozes, os diversos rostos. Todos estes estímulos e informações, faziam parte dos primeiros dias de um bebé.
Com a pandemia e com todas as restrições impostas, grande parte dos bebés, viveram os seus primeiros meses (e longos meses) restritos ao seu agregado familiar. Os medos que a pandemia trouxe, sobretudo para os recém- papás também contribuiu para acentuar a vulnerabilidade dos bebés, trazendo uma necessidade (ainda maior) de os resguardar e proteger. Assim, os rostos dos pais foram, para muitas destas crianças, os únicos rostos dos seus primeiros meses. Dos outros, iam vendo os olhos e se “os olhos são o espelho da alma”, estas crianças aprenderam a olhar e a compreender os olhos dos outros. Os olhos dos outros, foram “os outros” durante muito tempo. Os olhos foram a nossa expressão durante a pandemia, o nosso ponto de contacto e todas estas crianças terão a sorte de saber olhar, de forma única, para os olhos dos outros.
Com o gradual levantamento das medidas, as famílias conseguiram ir alargando o seu leque de contactos e, assim, expor os seus bebés a novas situações e a novos estímulos, proporcionando-lhes uma série de descobertas e aprendizagens. Estes momentos (sobretudo os primeiros), que até para os adultos chegou a ser de estranheza e algo desconfortável (porque o medo continuava a existir), para os bebés podem ter sido momentos vividos com medo, retraimento e hesitação. Mas, as crianças são resilientes, são curiosas, atentas, com vontade de explorar e as possibilidades que foram tendo, gradualmente, de novas experiências sociais (nomeadamente a entrada para a creche), o contacto com outros bebés e com outros adultos, terão sido cruciais para o seu desenvolvimento pessoal e social, contribuindo para que, hoje, sejam crianças socialmente bem integradas.