Como gerir as emoções na presença de cancro?
Sabia que a 4 de fevereiro assinala-se o Dia Mundial da Luta Contra o Cancro? Esta é uma das doenças mais temidas por estar fortemente associada à ideia da morte, sendo mesmo uma das principais causas de morte em Portugal. Para qualquer um de nós, só a simples ideia de nos imaginarmos sentados num consultório médico e ouvir a palavra cancro, desperta-nos, inconscientemente, sensações de medo e de repulsa. Infelizmente, esta situação é bem real para uma grande parte da população portuguesa.
Por muito cuidado que possa ter o profissional de saúde, a notícia é sempre recebida de forma cataclísmica, como se tudo o que uma pessoa considerou estável ao longo da vida, se estivesse a desmoronar em segundos. Naquele momento, surge a sensação de se estar completamente alienada do mundo. Imerge-se numa intensa solidão, tem-se a consciência que o mundo continua igual, que as pessoas têm as suas próprias rotinas e preocupações diárias que também faziam parte do próprio dia a dia, mas que a partir daquele momento, tudo mudou. “Tenho cancro”. A partir daí é fácil perceber o turbilhão emocional em que a pessoa se encontra, Medo, Pânico, Angústia, Revolta e Injustiça são algumas das emoções sentidas interiormente.
No entanto, depois do choque emocional começar a diluir, tenta-se racionalizar, e surge a preocupação “tenho que me manter forte”. É sabido que as nossas emoções se reflectem no nosso organismo e que ter um pensamento positivo relativamente à doença influencia a evolução dos tratamentos. A questão é que, por muito que a pessoa saiba que tem que se manter optimista, é sempre uma luta constante entre o que se deveria sentir e o que efectivamente se sente.
Neste sentido, é necessário realizar um trabalho emocional, para que a pessoa se consiga dissociar das emoções que estão a bloquear o pensamento positivo. O acompanhamento psicoterapêutico ajuda o doente no processo de dissociação emocional. Esta libertação deve ser feita de forma progressiva, passando por uma fase de identificação das emoções que se estão a sentir, para depois permitir-se aceitá-las, sem fugir ou camuflá-las, e por fim deixá-las ir. Todo este processo de digestão emocional não é fácil, não vai curar a doença, nem vai deixar a pessoa num estado de plena felicidade.
Contudo, representa uma ferramenta valiosa para combater o impacto emocional e psicológico que o cancro provoca. Compreende-se que, frequentemente, o apoio psicológico seja descurado em prole dos tratamentos médicos. No entanto, tendo em conta a abrangência do estigma associado à doença, a frequente fragmentação do ambiente familiar, as alterações físicas provocadas pelos tratamentos, as alterações da rotina pessoal e profissional, tudo isto acarreta um enorme peso emocional sobre o doente que não deve ser ignorado.
A todos aqueles que direta ou indiretamente se encontram neste turbilhão, usem todas as armas ao vosso dispor para apoiar ou serem apoiados, dando sempre o vosso melhor para manter este equilíbrio entre a mente e o corpo. Lutem sempre! Sejam guerreiros!