Autocuidado não é sinónimo
de egoísmo

Desde muito cedo, somos ensinados a preocupar-nos com o outro, independentemente de ser o nosso pai, o nosso irmão, um colega de escola, a senhora do pomar,… a lista é infinita! Somos ensinados a ouvir o outro e a ajudá-lo. Crescemos com a ideia de que somos boas pessoas se ajudarmos os outros e, por vezes, temos medo de dizer “não” ao outro, com medo de sermos considerados antipáticos, mal-educados. Assim, muitas vezes, acabamos por fazer “malabarismos” para conseguirmos atender todos os pedidos que nos fazem. Acabamos por colocar de parte os planos que tínhamos, por vezes desmarcamos atividades que seriam importantes para nós e, instantaneamente, colocamo-nos em segundo lugar.

Isto acontece porque ninguém nos ensina a verdadeira importância de cuidarmos da pessoa mais importante do mundo para nós mesmos, que somos nós mesmos! Sim, leu bem. A pessoa mais importante para cada um de nós, somos nós mesmos!

Nós cuidarmos de nós mesmos é uma tarefa extremamente importante e de grande responsabilidade, que envolve amor-próprio, carinho, aceitação,… A prática das rotinas de autocuidado relaciona-se, assim, com o nosso bem estar, com o nosso auto conhecimento e com a nossa saúde a todos os níveis – física, emocional, mental e espiritual.

O autocuidado relaciona-se com as atitudes que temos no cuidado para connosco, ou seja, na valorização dos nossos sentimentos, emoções e pensamentos, para que consigamos gerir melhor, e até resolver, dentro de nós, situações mal resolvidas.

É importante termos a consciência de que cuidarmos de nós próprios não significa não nos preocuparmos, ou empatizarmos, com os outros. Autocuidado não é sinónimo de egoísmo. Egoísmo relaciona-se com a atitude de colocarmos, em primeiro lugar, os nossos interesses e desvalorizarmos completamente o bem estar do outro. Pois enquanto seres sociais, sermos solidários uns com os outros é importante para nos sentirmos bem, é uma forma de amor. Contudo, cuidarmos do outro, não significa negligenciarmo-nos.

Para desenvolvermos o autocuidado é importante, numa primeira etapa, “ouvirmo-nos” a nós próprios, compreendermos quais são as nossas necessidades, o que nos faz felizes. Esta vai ser, então, a base para podermos definir hábitos e rotinas que contribuem, não só para a nossa qualidade de vida, mas também para a qualidade de vida das pessoas que nos são mais próximas. É importante integrarmos a ideia de que o autocuidado é um hábito, uma rotina, deve ser encarado como uma filosofia de vida. Não é uma atividade que nos obrigamos a fazer, não é algo que fazemos a pensar na opinião alheia, e muito menos que nos retira energia. Pode ser difícil colocar esta rotina em prática, mas só nós é que podemos decidir dar o primeiro passo em direção ao cuidado de nós mesmos. Quando cuidamos de nós mesmos, sentimo-nos equilibrados, emocionalmente e mentalmente nutridos e, consequentemente, mais disponíveis para cuidarmos e apoiarmos os outros. Então, o autocuidado é uma prática que nos recarrega, que nos faz sentir revitalizados, que nos ajuda a viver melhor, a estarmos em harmonia e equilíbrio connosco e com o que nos rodeia.