"As pessoas que sofrem de Ansiedade vivem em constante estado de alerta" | Correio da Manhã setTimeout( function(){ document.getElementsByClassName("blog-post-title")[0].style.display= "none" } ,1);
Correio da Manhã | Jornal
O que é a Ansiedade e em que é que se distingue da Depressão, por exemplo?
A Ansiedade é uma doença psicológica tão limitante como uma doença física. Lá porque não é tão visível, pelo menos aos olhos dos menos atentos, não devemos menosprezá-la nem desvalorizá-la. A Ansiedade é uma perturbação psicológica que pode ocorrer em qualquer pessoa, de qualquer idade e de qualquer estrato social. A Ansiedade não é seletiva na escolha dos seus alvos.
Há vários tipos de Ansiedade, mas podemos dizer que o medo é uma característica comum a todos eles. A pessoa que sofre com esta perturbação sente medo de tudo sem motivo aparente, mas este medo é real e reflete o medo de falhar, o medo de se ser julgado, o medo de se expor, etc. Estas pessoas vivem em constante estado de alerta e agitação; a sua vida é sobressaltada e as suas rotinas são alteradas em função desta condição.
Já a Depressão, apesar de também ser uma perturbação psicológica e emocional, é caracterizada por um sentimento de tristeza e angústia. As pessoas deprimidas vivem num estado introspetivo, apáticas e anímicas, sem vontade de viver.
Portanto, podemos concluir que ambas as perturbações são limitantes, mas têm sintomas e causas diferentes.
Normalmente, é fácil detetar uma pessoa ansiosa? Há sinais que a denunciam?
Nem toda a gente tem sensibilidade para perceber que está perante uma pessoa que sofre de Ansiedade. A Ansiedade não se vê, mas sente-se. Contudo há alguns sinais de alerta que podem ajudar a identificá-la. Pessoas agitadas, inquietas, com tremores e suores, pessoas tensas, a hiperventilar e contraídas, são estereótipos de pessoas que sofrem de Ansiedade. Se mantivermos uma relação mais próxima com a pessoa em questão podemos tentar perceber se costuma sentir pressão no peito, taquicardia, dores musculares, insónia, dores físicas inexplicáveis e pensamentos que não lhe saem da cabeça. Todos estes são sinais de alerta que nos ajudam a identificar quem, realmente, precisa da nossa ajuda e atenção.
Ter alguma Ansiedade é considerado normal. Como tal, a partir de que momento é que a Ansiedade se transforma numa doença?
Sentir Ansiedade, pressões e receios do dia-a-dia, é natural e saudável, o ser humano tende a reagir e a agir motivado por medos e receios. A Ansiedade, chega a ser protetora, se não vejamos um exemplo tão básico como a fuga. O nosso corpo prepara-se para fugir, descarregando adrenalina e outras substâncias, quando nos sentimos ameaçados e perante perigo. O problema é quando sentimos esta Ansiedade de forma contínua e excessiva, sem razão aparente e quando o perigo não é real. Quando assim é, estamos perante uma perturbação psicológica, limitadora e incapacitante.
Como se trata a Ansiedade? Com terapia? Ou é mesmo preciso tomar medicação?
A minha visão para o tratamento da Ansiedade é simples. Resolve-se com Psicoterapia HBM. A Ansiedade tem sempre uma causa, causa essa que é preciso identificar e resolver. Durante a nossa vida, passamos por vários eventos, alguns negativos e até traumáticos, que nos podem marcar, perturbar e condicionar para o resto das nossas vidas. A função da Psicoterapia HBM é, junto da pessoa, ajudá-la a identificar a causa real do problema e ensiná-la a usar as suas ferramentas para gerir essa emoção e dissocia-la de sentimentos negativos.
A medicação não trata a Ansiedade, porém em fases agudas pode ajudar a controlar os sintomas físicos, como por exemplo, ajudar a dormir, a diminuir os batimentos cardíacos, diminuir os tremores e sentir-se mais calma (quase que anestesiada). O problema dos psicofármacos é que para além de não solucionarem a Ansiedade, têm alguns efeitos secundários indesejados e grande parte deles causam dependência. Contudo uma abordagem ponderada e multidisciplinar é sempre positiva.