Dia dos Namorados: onde encontrar o amor verdadeiro?
Chegou mais um Dia dos Namorados e hoje não podemos evitar falar de Amor.
Culturalmente, a nossa perceção acerca do Amor continua muito restrita. O verbo amar e a expressão “Amo-te” são utilizados de forma exclusiva entre casal e/ou entre pais e filhos. Acredita-se que o Amor é a emoção mais profunda que pode existir, que é o Amor que nos une uns aos outros, que nos faz apaixonar por alguém, que através do mesmo, se consegue ter uma relação duradoura e que, transforma a nossa vida como por magia.
O amor como antídoto da solidão
Paralelamente a isso, assume-se que quando alguém diz que está sozinho, é porque deve ou tem que estar à procura de uma relação amorosa. Como se o Amor fosse o antídoto para a solidão e a chave para a felicidade plena. Mas será bem assim?
O Amor é tudo menos simples. É comum conhecer/ouvir histórias de paixões não correspondidas e/ou de “casei-me por amor, mas separei-me ou divorciei-me porque me sentia sozinho(a) ou afastado(a)”. É evidente que o Amor é complexo e existem várias formas de amar. Em consultório, tenho por hábito fazer uma analogia entre o Amor e um fantástico bolo de chocolate (provavelmente pelo seu conhecido poder afrodisíaco, mas pode escolher o sabor que quiser). Este bolo é para partilhar e está dividido em várias fatias.
Ao longo da vida, encontramos pessoas que marcam o nosso caminho e que, de certa forma, merecem uma fatia de bolo, que será mais ou menos generosa, de acordo com a intensidade de Amor sentido. Por exemplo, as primeiras entregas são, por norma, feitas aos nossos pais, irmãos e/ou familiares e, à medida que se vai crescendo como indivíduo, estas partilhas chegam aos amigos, ao(a) namorado(a) e a todos aqueles que nos são importantes. No entanto, existem situações em que se cai na tentação de oferecer a última fatia deste bolo. Isto acontece quando o Amor resulta numa dependência para com o outro, em que a pessoa se anula, perdendo o seu amor-próprio (a sua última fatia), frequentemente, para evitar o estigma da solidão.
É importante lembrar que, apesar de tudo, custe o que custar, existe uma regra no Amor: nunca abdicar do nosso próprio Amor. A solidão não se cura com o amor dos outros, mas sim com o Amor próprio.
A Psicoterapia como forma de encontrar o amor próprio
Infelizmente, nem toda a gente consegue manter esta regra, porque não possui uma estrutura emocional suficientemente forte para guardar a sua tão valiosa fatia. Nestes casos, torna-se necessário realizar um trabalho de introspeção. Perceber o que está a influenciar esta atitude e tentar reverter o processo. Porém, nem sempre é fácil percorrer sozinho este caminho.
É recomendável procurar um acompanhamento psicoterapêutico que permita identificar a origem do desequilíbrio emocional para poder aprender a gostar de si mesmo e a reconhecer o seu valor. Em ambiente terapêutico costumo usar aquela velha máxima de que não se consegue amar alguém, sem aprender a amar-se em primeiro lugar. Por muito cliché que possa ser, este princípio é fundamental.
No fundo, é ter consciência de que ninguém nos irá amar mais do que nós próprios. Por isso e especialmente neste dia de São Valentim, pouco importa se estiver numa relação ou não. O essencial é encontrar-se e estar bem consigo mesmo.
Sejam egoístas com a vossa última fatia de bolo!