8 Mitos sobre a Depressão
Apesar de ser uma das perturbações mais comuns e incapacitantes em todo o mundo, ainda há um grande desconhecimento sobre a Depressão. Vamos desmitificar algumas ideias erradas que ainda existem.
Mito 1: Se a pessoa consegue trabalhar e ser funcional, então não tem depressão
Muitas vezes, a depressão é associada à imagem de alguém sempre triste, isolado, com dificuldade em sair da cama e em cumprir as suas responsabilidades. Embora essa seja uma realidade para muitas pessoas, existe uma outra face da depressão que passa despercebida.
Há quem, todos os dias, lute contra um enorme peso emocional enquanto tenta manter uma aparência de normalidade. Levantam-se, vão trabalhar, cumprem as suas rotinas, convivem com os outros, mas fazem-no com um esforço extremo. No final do dia, sentem-se emocionalmente esgotadas, não pelo que fizeram, mas pela carga invisível que carregam.
Em consulta, é comum ouvir relatos de pessoas que descrevem a depressão como uma doença incompreendida. “Preferia ter um cancro do que ter depressão. Pelo menos, as pessoas perceberiam o que estou a passar.” – esta é uma frase que ilustra o profundo sentimento de solidão e incompreensão que muitos enfrentam.
A depressão, tal como outras perturbações emocionais, não é sempre visível, mas é real. O sofrimento de quem a vive não deve ser medido pela capacidade de manter uma rotina ou de cumprir obrigações. A dor emocional pode estar camuflada, mas não desaparece sem uma intervenção adequada.
Mito 2: A depressão é a doença da moda, dos fracos e de quem tem demasiado tempo
A depressão não é uma tendência, nem uma questão de fraqueza. É uma perturbação emocional que pode afetar qualquer pessoa, independentemente da idade, profissão ou contexto de vida.
Ninguém escolhe estar deprimido. O sofrimento é real, limitador e interfere profundamente na forma como a pessoa se sente e age. A depressão não surge por falta de ocupação ou por fragilidade emocional, mas sim de um desequilíbrio interno causado pelas emoções vividas ao longo da vida.
Nos últimos anos, fala-se mais sobre depressão não porque seja uma “doença da moda”, mas porque existe uma maior consciência sobre a saúde mental e as pessoas procuram mais ajuda. Esta mudança não significa que a depressão seja mais comum agora do que antes, apenas que há menos medo e vergonha em falar sobre o assunto e em pedir apoio profissional.
A depressão não é uma escolha, mas a recuperação pode ser. Com o acompanhamento certo, é possível superar este estado emocional e recuperar o bem-estar.
Mito 3: A depressão é algo que se consegue reverter, basta ter força de vontade
Nos últimos anos, surgiu uma grande quantidade de conteúdos de autoajuda que promovem o bem-estar emocional. Livros, músicas, técnicas de meditação, exercício físico e pensamento positivo são frequentemente apontados como soluções para ultrapassar estados depressivos. No entanto, estes métodos são generalistas e não atendem às necessidades individuais de quem sofre de depressão.
A depressão não é uma questão de falta de força de vontade. As emoções que sentimos no dia a dia são, na sua maioria, automáticas e inconscientes. Da mesma forma que não conseguimos controlar os nossos batimentos cardíacos, uma pessoa com depressão não consegue simplesmente “deixar de estar deprimida”, mesmo que tente implementar hábitos saudáveis.
Existe uma diferença entre querer e conseguir. A depressão é uma perturbação emocional que precisa de uma abordagem terapêutica estruturada e adaptada a cada caso. Com o acompanhamento profissional adequado, é possível compreender e trabalhar as causas do problema, proporcionando uma recuperação real e duradoura.
Mito 4: A depressão é uma doença das mulheres
É verdade que a depressão tem uma maior taxa de incidência entre as mulheres. No entanto, isso não significa que os homens estejam imunes ou que sofram menos com a doença.
O estigma associado às perturbações emocionais ainda é muito forte, sobretudo entre os homens. Culturamente, há uma maior pressão para que sejam emocionalmente resilientes e evitem demonstrar vulnerabilidade. Como consequência, muitos homens sentem dificuldade em expressar o que estão a viver e, frequentemente, evitam procurar ajuda, o que pode levar a subdiagnósticos e a um maior risco de agravamento da depressão.
As mulheres, por norma, sentem-se mais confortáveis em falar sobre as suas emoções, o que pode justificar a aparente diferença na taxa de incidência. No entanto, a depressão não escolhe género. É uma perturbação emocional que pode afetar qualquer pessoa, independentemente do sexo, idade ou circunstâncias de vida.
Todos nós sentimos, todos nós podemos sofrer. O mais importante é reconhecer o problema e procurar ajuda especializada para o ultrapassar.
5. É preciso ter vivido um evento traumático muito forte para se ter uma depressão.
A depressão não surge apenas como consequência de eventos traumáticos extremos. Embora experiências marcantes possam estar na origem da doença, nem sempre é necessário um acontecimento dramático para que uma pessoa desenvolva depressão.
O que determina o impacto emocional de uma experiência não é apenas o evento em si, mas a forma como a pessoa o sente, processa e interpreta. Pequenas vivências acumuladas ao longo do tempo podem gerar um peso emocional significativo, resultando num estado depressivo.
A depressão é caracterizada por sentimentos persistentes de tristeza profunda e angústia, que podem ter origem em diferentes fatores emocionais. Cada pessoa reage de forma única às experiências de vida e o que pode parecer insignificante para uns, pode ter um impacto profundo para outros.
Por isso, é essencial compreender que a depressão não depende apenas da gravidade de um acontecimento, mas da forma como a mente o processa e do impacto emocional que deixa.
Mito 6: A depressão nasce com a pessoa e, por isso, não pode ser tratada
Ainda existe uma forte crença de que a depressão tem origem genética e que algumas pessoas já nascem predispostas a desenvolver esta perturbação emocional. No entanto, ninguém nasce com depressão. O que realmente influencia o desenvolvimento desta condição são as experiências vividas ao longo da vida e as emoções associadas a essas experiências.
O modo como cada pessoa processa e interpreta as suas vivências condiciona a sua estrutura emocional e, consequentemente, a sua personalidade e forma de reagir ao mundo. Quando existe um acumular de emoções negativas não resolvidas, a depressão pode instalar-se.
Se um estado depressivo é adquirido ao longo da vida, também pode ser revertido. Com um acompanhamento psicoterapêutico adequado, é possível trabalhar as causas emocionais da depressão e promover um processo de dissociação emocional, permitindo que a pessoa se liberte do sofrimento e recupere o seu bem-estar.
A depressão não é uma sentença vitalícia – é uma condição emocional que pode ser tratada e superada.
Mito 7: A depressão só surge nos adultos
A depressão não tem idade e pode manifestar-se tanto em adultos como em crianças e adolescentes. No entanto, os mais jovens não expressam as suas emoções da mesma forma, o que pode dificultar o reconhecimento do problema.
Nas crianças e adolescentes, a depressão pode refletir-se em mudanças de comportamento, isolamento, dificuldades escolares, alterações no sono e no apetite, irritabilidade ou apatia. Por isso, é essencial que pais, educadores e cuidadores estejam atentos a sinais de sofrimento emocional.
O apoio emocional e a possibilidade de falar abertamente sobre sentimentos são fundamentais em qualquer fase da vida. Criar um ambiente seguro onde os mais novos se sintam confortáveis para expressar o que sentem pode fazer toda a diferença na prevenção e tratamento da depressão.
Mito 8: A depressão é causada por baixos níveis de serotonina e só pode ser tratada com medicação
A relação entre a depressão e os níveis de serotonina é frequentemente mencionada, levando à crença de que o problema é meramente químico e que só pode ser tratado com medicação. No entanto, a depressão vai muito além de um desequilíbrio químico no cérebro.
As emoções desempenham um papel fundamental na regulação da nossa fisiologia. Da mesma forma que, perante uma situação de perigo, a adrenalina aumenta em resposta ao medo, as emoções acumuladas ao longo da vida influenciam diretamente o nosso estado emocional e físico.
A depressão não surge apenas devido a baixos níveis de serotonina, mas como consequência de emoções intensas e não resolvidas, associadas a experiências vividas. É a forma como interpretamos e processamos essas experiências que pode levar a um estado depressivo.
A medicação pode aliviar temporariamente os sintomas, mas não trata as causas da depressão. Para uma recuperação real e duradoura, é essencial uma abordagem terapêutica que atue sobre as origens emocionais do problema, permitindo à pessoa ressignificar as suas experiências e recuperar o equilíbrio emocional.
Tem sintomas de Depressão?
Ebook
"Guia Completo para Superar a Depressão"
